quarta-feira, 9 de março de 2011

Todo dia é dia

"Olha, não vou te desejar Feliz Dia Internacional da Mulher porque todos os dias são das mulheres."
Podia ser mais uma desculpa (esfarrapada e batida) de um amigo ao tentar consertar a falha que achava que tinha acabado de cometer: a de não me cumprimentar pela data. Afinal, era 8 de Março. No fim, dei meu braço a torcer. Ele tem razão, todos os dias são das mulheres.
Claro que é importante ter uma data para lembrar as lutas femininas por direitos trabalhistas, de voto, de igualdade. E mais importante que isso, é lembrar, todos os dias, da importância de cada uma na sua vida.
Mulheres são sensíveis, olham nos olhos e enxergam a alma. Percebem a sua tristeza camuflada e o sorriso forçado.
São frágeis e fortes. Choram no comercial de margarina, choram rios pela dor das amigas e pelas vitórias delas e dos outros. Ao mesmo tempo, o rio de lágrimas pode secar, virar um deserto se, mesmo chorando por dentro, elas precisarem demonstrar uma fortaleza inabalável, ou uma frieza desumana.
São doces como chocolate ao leite e amargas como chocolate meio amargo. Sim, porque elas não são amargas por completo. Basta uma palavra torta, um olhar desatento, uma pisada na bola e o sorriso virou beiço.
São felizes nos dias nublados por poder usar as botas novas e ficam furiosas por tomar um banho quando um carro passa.São tristes em dias de sol, por estarem em uma sala fechada e não em qualquer outro lugar. São loiras, morenas, ruivas, mechadas, lisas, crespas, onduladas. E tudo de uma hora para a outra.
São delicadas, abruptas, ansiosas, nervosas, serenas, pacientes.São várias em uma única embalagem, sem rótulo e sem bula. Não tente entendê-las, nem decifrá-las.São derretíveis pelo calor do verão, pelo suador provocado pelos cinco minutos a mais de sono que se tornam 30, pelo olhar doce do filho, pelo abraço apertado do namorado, pelo calor do cobertor.
Elas querem ser amadas, mimadas, cuidadas, bajuladas. E, por favor, deixe que elas façam o mesmo com você.
E deixem que elas tente controlar o que é incontrolável. Fazem isso com o frizz do cabelo, com a carreira que não anda, com o namorado independente e com a bagunça da casa da família. E, disfarçadamente, ela fará isso com você.
Então, não deseje felicidades a elas apenas no dia 8. Deseje, secretamente, todos os dias. E faça a única coisa que é capaz de torná-las plenas. Deixe que elas sejam elas. Apenas. Sem cintas elásticas apertando a barriga, sem meia calça anticelulite, sem máscara antirugas, sem mentiras, sem farsas. Apenas ser. Sem dó, nem piedade. É o melhor presente. Dica de quem é uma delas.